Por Immanuel Kant
Tradução, Notas e Comentários de Helkein Filosofia
Caso tomada em sentido meramente formal, a palavra “natureza” significa o primeiro princípio interno de tudo aquilo que pertence à existência de uma coisa[1]; pode haver, portanto, tantas ciências naturais quanto coisas especificamente distintas entre si, cada uma delas necessariamente contendo propriamente o princípio interno e as determinações pertencentes à sua existência. Por outro lado, considera-se natureza, ainda, em sentido material, não enquanto maneira de ser, mas como compêndio de todas as coisas na medida em que possam ser objetos de nossos sentidos e, portanto, da experiência. Assim, seu significado compreende igualmente a totalidade dos fenômenos, i.e., o mundo dos sentidos, exclusos os objetos não sensíveis. A natureza, tomada em tal acepção, possui dois componentes principais de acordo com a diferença capital de nossos sentidos: a primeira contém os objetos do sentido externo, e a outra, o objeto do sentido interno; por conseguinte, é possível uma dupla doutrina da natureza: a doutrina dos corpos e a doutrina da alma[2]; a primeira considera a natureza enquanto extensa [ausgedehnte] e a segunda a natureza enquanto pensante [denkende].
Toda doutrina, na medida em que deva ser um sistema, digo, um conjunto de conhecimentos ordenados segundo princípios[3], é denominada ciência; e como tais podem ser princípio de um nexus empírico ou racional de conhecimentos em um todo, a ciência da natureza também pode ser dividida, seja como doutrina dos corpos ou como doutrina da alma, seja em ciência histórica e ciência racional da natureza; se, entretanto, a palavra natureza (posto que assinala a derivação da diversidade pertencente à existência das coisas a partir de seu princípio interno) não apontasse um conhecimento racional das conexões das coisas, este conhecimento não mereceria de maneira alguma o nome de ciência da natureza[4]. Por isso, é melhor dividir a doutrina da natureza em doutrina histórica da natureza, a qual contém apenas fatos sistematicamente ordenados (e que consta, por sua vez, de uma descrição da natureza[5] como tipificação sistêmica desses fatos ordenados segundo analogias e de uma história da natureza como uma exposição sistemática dos mesmos em diferentes épocas e lugares) e em ciência da natureza. Assim posto, a ciência da natureza seria chamada própria ou impropriamente ciência da natureza; a primeira trata completamente seu objeto de acordo com princípios a priori e a segunda segundo leis da experiência.
Só podemos chamar propriamente de ciência aquela cuja certeza for apodítica. Um conhecimento que não pode oferecer mais do que uma certeza empírica recebe tal nome apenas equivocamente. Todo o conjunto sistemático do conhecimento pode então ser chamado ciência, incluso ciência racional, sempre que a conexão dos conhecimentos contidos no sistema sejam um encadeado de princípios e consequências. Mas, se tais princípios são, em última instância, meramente empíricos, – como na química – e se as leis desde as quais a razão explica os fatos fornecidos não são mais do que leis empíricas que não levam consigo nenhuma consciência de sua necessidade (e não são apoditicamente certas), o conjunto, em sentido estrito, não merece o nome de ciência. Por conseguinte, a química deveria ser chamada de arte sistemática [systematische Kunst] em vez de ciência.
Uma doutrina racional da natureza só merece tal nome se as leis que lhe servem de fundamento forem conhecidas a priori, e não como meras leis empíricas. Um conhecimento da natureza de primeiro tipo se chama puro, e do segundo, conhecimento racional aplicado[6]. Como a palavra natureza leva já consigo o conceito de lei, e este, por sua vez, o de necessidade de todas as determinações de uma coisa que pertencem a sua existência, vê-se facilmente por que a ciência da natureza teve de retirar sua legitimidade de tal denominação unicamente de sua parte pura, a qual contém, a propósito, os princípios a priori de todas as outras explicações da natureza e, ademais, por que ela não seria ciência senão em virtude dessa parte; da mesma forma, a doutrina da natureza deve encaminhar-se, em última instância, conforme as exigências da razão, a tornar-se uma ciência da natureza, já que a necessidade das leis é inseparável do conceito de natureza e deve, por tal razão, ser compreendida completamente. Portanto, a mais completa explicação de certos fenômenos a partir de princípios químicos não nos satisfaz, visto que, de leis contingentes retiradas da mera experiência, não podemos aduzir razões a priori.
Toda ciência da natureza propriamente dita requer então uma parte pura em que possa fundar-se a certeza apodítica buscada nela pela razão, e por tal parte diferir capitalmente no que se refere a seus princípios em relação àquelas cujos princípios são meramente empíricos é de grande utilidade, e, ao mesmo tempo, segundo a natureza das coisas, um dever imprescindível a respeito do método expor essa parte em sua totalidade separadamente da outra tanto quanto for possível, a fim de poder determinar exatamente o que a razão pode lograr por si mesma e o ponto onde sua capacidade falha e passa a necessitar de princípios empíricos. O puro conhecimento racional a partir de simples conceitos se chama filosofia pura ou metafísica; inversamente, aquela que funda seu conhecimento apenas na construção de conceitos por meio da apresentação do objeto em uma intuição a priori se denomina matemática.[7]
A assim chamada ciência da natureza em sentido estrito pressupõe uma metafísica da natureza, pois as leis, digo, as condições de possibilidade do que pertence à existência [das Dasein] de uma coisa se ocupam de conceitos que não admitem construção, visto que a existência não pode ser dada em nenhuma intuição a priori.[8] Portanto, a ciência da natureza em sentido estrito pressupõe a metafísica da natureza. Esta deve conter sempre princípios superiores que não sejam empíricos (por isso leva o nome de metafísica), podendo tratar, ainda que sem referência a um objeto determinado da experiência, i.e., indeterminado a respeito da natureza de um objeto no mundo sensível, das leis que possibilitam o conceito de natureza em geral; esta é então a parte transcendental da metafísica da natureza, que se ocupa da natureza particular desta ou daquela classe de coisas das quais se dá um conceito empírico, sem que seja necessário empregar, para além do que o conceito mesmo fornece, princípio empírico algum para o conhecimento de tais coisas (por exemplo, ela toma por base o conceito empírico de uma matéria ou de uma essência pensante e busca o domínio do conhecimento, em que a razão exerce poder a priori, sobre estes objetos); por isso, dita ciência deve chamar-se sempre metafísica da natureza, seja corpórea ou pensante; neste caso não se trata de uma ciência da natureza metafísica em geral, senão que, pelo contrário, de uma particular (física e psicológica), na qual se aplicam os princípios transcendentais já mencionados ao gênero dos objetos de nossos sentidos.
Sustento que em toda teoria particular da natureza só podemos obter ciência estritamente dita na medida em que tal seja passível de aplicação matemática. Porque segundo o que precede uma ciência propriamente dita, sobretudo a ciência da natureza, é requerida uma parte pura que lhe sirva de base à parte empírica e repouse no conhecimento a priori das coisas da natureza[9]. Conhecer algo a priori é conhecê-lo desde sua simples possibilidade. Sem dúvida, a possibilidade dos objetos determinados na natureza não pode ser conhecida mediante simples conceitos, pois por estes pode conhecer-se apenas sua possibilidade enquanto objeto pensado (a saber, que o mesmo possui contradição interna), mas não a do objeto como coisa na natureza que possa dar-se (como existente)[10] fora do pensamento. Deste modo, para conhecer a possibilidade das coisas determinadas da natureza e, por conseguinte, para conhecê-las a priori, se exige ademais que seja dado a priori na intuição o [objeto] correspondente ao conceito, i.e., que se construa o conceito. Assim, o conhecimento racional através da construção dos conceitos é matemático. Portanto, uma filosofia pura da natureza em geral, digo, aquela que investiga somente o que constitui o conceito de uma natureza em geral, é possível sem a matemática; mas uma doutrina pura da natureza que concerna às coisas determinadas na natureza (doutrina dos corpos e doutrina da alma) é unicamente possível por meio da matemática, e posto que toda doutrina da natureza só é ciência estrita na medida em que contém conhecimentos a priori, a doutrina da natureza não conterá autêntica ciência senão na medida em que seja passível de aplicação matemática.
Enquanto não for encontrado um conceito que possa construir os resultados químicos assim como os matemáticos, i.e., enquanto não se der uma lei de aproximação e alinhamento das partes da matéria de acordo com as quais, por exemplo, proporcionalmente à sua densidade ou propriedades análogas seus movimentos e consequências possam ser intuíveis e apresentáveis a priori no espaço (exigência que dificilmente poderá alguma vez ser realizada), a química não poderá ser senão uma arte sistemática ou doutrina experimental, mas nunca uma ciência propriamente dita, pois seus princípios são meramente empíricos e não admitem nenhuma representação a priori na intuição. Consequentemente, os princípios dos fenômenos químicos não podem fazer-se minimamente compreensíveis segundo sua possibilidade por serem incapazes de receber aplicação matematizada.[11]
A psicologia empírica está ainda mais aleijada do que a química no rol das ciências da natureza, primeiramente pela matemática não ser aplicável aos fenômenos do sentido interno e a suas leis, pois deveria ter em conta em tal caso apenas a lei da continuidade[12] no fluxo das mutações do sentido interno. Mas a ampliação do conhecimento assim obtido se relacionaria com o conhecimento proporcionado pela matemática da doutrina dos corpos de maneira mais ou menos semelhante ao modo como se relaciona à doutrina das propriedades da linha reta no que se refere à geometria. Pois a pura intuição interna que possibilita a construção dos fenômenos da alma é o tempo, e este possui apenas uma dimensão. A doutrina empírica da alma tampouco poderá se aproximar-se da química como arte de análise sistêmica ou doutrina experimental porquanto nela o múltiplo da observação interna está separado somente por mera distinção de razão e sem poder ser mantida distinta, sem unificar-se novamente de forma arbitrária[13]; menos ainda podemos submeter outro sujeito pensante às nossas investigações de tal modo que seja conforme a nossos propósitos, visto que ainda a mera observação em si mesma altera e distorce o estado do objeto observado. Por isso, a psicologia nunca poderá ser mais que uma doutrina histórica da natureza do sentido interno e, como tal, tão sistemática quanto possível, digo, uma descrição natural da alma, mas não uma ciência da alma[14], nem sequer uma doutrina psicológica experimental. Precisamente por este motivo, no título desta obra, a qual contém, propriamente falando, os princípios da doutrina dos corpos, empregamos, conforme o uso corrente, o nome geral de ciência da natureza, pois essa denominação corresponde strictu sensu apenas à doutrina dos corpos e não ocasiona, portanto, ambiguidade alguma.
Tendo como fim tornar possível a aplicação da matemática à doutrina dos corpos, único meio através do qual pode-se fazer dela um autêntica ciência da natureza, é preciso apresentar previamente os princípios da construção dos conceitos que pertencem à possibilidade da matéria em geral. É preciso empreender, segundo tal, uma análise completa da fundamentação do conceito de matéria em geral. Esta é uma tarefa da filosofia pura, a qual não utiliza para este fim nenhuma experiência particular, senão unicamente o que se encontra no conceito separado de matéria (ainda que seja em si empírico), em relação às intuições no espaço e no tempo (de acordo com leis que dependem já essencialmente do conceito de natureza em geral); por isso, a dita doutrina é uma autêntica metafísica da natureza corpórea.[15]
Todos os filósofos da natureza que quiseram proceder matematicamente em seus trabalhos fizeram sempre uso (ainda que inconsciente) de princípios metafísicos e serviram-se deles ainda que protestassem solenemente contra toda pretensão metafísica em sua ciência. Sem dúvida alguma eles entendem por metafísica uma quimera que consiste em inventar possibilidades segundo seus caprichos e em julgar segundo conceitos que não podem ser representados na intuição e que não têm autenticação de sua realidade objetiva[16] senão a de não possuir contradição consigo mesmos. Toda metafísica autêntica é tomada da essência mesma da faculdade de pensar e, por tal razão, não algo meramente inventado, pois a metafísica não procede da experiência[17], senão que contém as ações puras do pensar e, por conseguinte, conceitos e princípios a priori, os quais são os primeiros a reunir o diverso das representações empíricas[18] em uma conexão segundo leis para que a dita diversidade possa produzir conhecimento empírico, i.e, experiência. Os físicos matemáticos não podem prescindir, então, de princípios metafísicos e, nem dentre estes, dos princípios que constroem o conceito de seu próprio objeto, a saber, a matéria suscetível de aplicação a priori à experiência externa (como nos casos dos conceitos de movimento, espaço plano, inércia, etc.). A respeito deste assunto, sem dúvida, eles sustentam corretamente que a mera admissão de princípios empíricos não seria compatível de forma alguma com o direito da certeza apodítica que quiseram dar a suas leis da natureza; por isso preferiram postular as ditas leis a buscar nelas suas fontes a priori.
Mas é da maior importância que distingamos, em benefício das ciências, os princípios heterogêneos entre si e levemos cada um a um sistema particular a fim de constituir uma ciência conforme sua própria classe. Assim se evita a incerteza que provém da confusão de tais princípios heterogêneos quando não suficientemente distintas suas devidas classes, limites e erros que possam decorrer de seu uso indevido. Por tal motivo é considerado necessário no que se refere à parte pura da ciência da natureza (physica generalis), de onde as construções metafísicas e matemáticas são mescladas mutuamente, apresentar em um sistema as construções metafísicas e, com elas, ao mesmo tempo, os princípios da construção destes conceitos metafísicos e, portanto, os princípios da possibilidade de uma teoria matemática da natureza mesma. Essa separação oferece, para além da utilidade assinalada anteriormente, um incentivo particular que leva consigo a unidade do conhecimento enquanto evita que os limites das ciências se confundam entre si e ocupem, separadamente, seus devidos domínios.
Pode-se elogiar este procedimento por uma segunda razão, a saber, que de tudo aquilo que se chama metafísica pode-se esperar a absoluta completude das ciências[19], a qual não é prometida por nenhum outro tipo de conhecimento; por conseguinte, assim como na metafísica da natureza em geral, também pode-se esperar aqui com confiança a completude de uma metafísica da natureza corpórea. E o porquê disto está em que a metafísica considera o objeto somente segundo as leis gerais do pensamento enquanto em outras ciências os objetos devem ser representados conforme os dados da intuição (tanto pura como empírica). A metafísica, com efeito, é a [ciência] em que o objeto deve ser comparado sempre com todas as leis necessárias do pensamento, proporcionando, assim, um número determinado de conhecimentos que pode ser esgotado por completo, enquanto as outras ciências, tendo em vista que oferecem uma diversidade infinita de intuições (puras ou empíricas) e, consequentemente, objetos do pensamento, não logram nunca uma integridade absoluta, ainda que possam ampliar-se até o infinito, como no caso da matemática pura e da teoria empírica da natureza.
Creio ter exposto completamente e em toda sua extensão a teoria metafísica dos corpos, ainda que não pretenda ter escrito assim uma obra exaustiva.
O esquema para a integridade de um sistema metafísico, seja de natureza geral ou de natureza corpórea em particular, é a tábua das categorias[20], pois não há outros conceitos puros do entendimento que possam referir-se à natureza das coisas. Sob quatro classes destes conceitos – magnitude, causalidade, relação e modalidade – devem estar subsumidas todas as determinações do conceito de matéria em geral, ou seja, tudo o que se possa pensar dela a priori, representar-se na construção matemática ou dar-se na experiência como objeto determinado. Aqui não há nada mais a fazer além de descobrir ou adicionar, ou, unicamente, quem sabe, aperfeiçoar os pontos onde a clareza e a solidez não foram suficientes.
O conceito de matéria deve ser submetido, então, às já numeradas quatro classes de conceitos puros do entendimento[21] (em quatro capítulos), em que cada um dos quais se adiciona uma nova determinação. A determinação fundamental de algo que deva ser objeto do sentido externo deve ser o movimento, pois apenas através dele pode-se afetar os sentidos. Também tendo em vista movimento, o entendimento nos conduz a todos os outros predicados da matéria que pertençam à sua natureza. Deste modo, a ciência da natureza é em sua totalidade uma teoria pura ou aplicada do movimento.[22] Os princípios metafísicos da ciência da natureza devem ser agrupados, então, em quatro capítulos, dos quais o primeiro considera o movimento como quantum puro segundo sua composição, deixando de lado toda qualidade do móvel, e pode ser chamado foronomia[23]; o segundo estuda o movimento como pertencente à qualidade da matéria sob o nome de uma força motriz originária e se chama assim dinâmica; o terceiro considera a matéria como certa qualidade de relação recíproca através de seu próprio movimento e, por isso, leva o nome de mecânica; o quarto apenas determina o movimento referente ao modo de representação ou modalidade, digo, como fenômeno do sentido externo, e se chama por isso fenomenologia.
Para além da necessidade interna que nos força a separar os primeiros princípios metafísicos da teoria dos corpos não somente da física, que emprega princípios empíricos, mas também de duas premissas racionais que concernam ao seu uso matematizado, há ainda uma razão externa realmente contingente mas importante para separar sua elaboração detalhada do sistema geral da metafísica e para apresentá-la sistematicamente como um todo particular. Pois caso seja permitido traçar os limites de uma ciência não meramente segundo a construção do objeto e do modo específico de conhecê-lo, mas também conforme o fim tido em vista com a ciência mesma para outro usos e, se, por outro lado, constata-se que a metafísica têm ocupado até agora e ocupará no porvir tantas cabeças, não para ampliar seus conhecimentos acerca da natureza (o que ocorre mais fácil e seguramente por observação, experimentação e aplicação da matemática aos fenômenos externos), mas para lograr um conhecimento daquilo que está para além de todos os limites da experiência – a saber, Deus, liberdade e imortalidade –, alcança-se, assim, o propósito de liberar a metafísica geral de um rebento que, embora germine de sua própria raiz, sem dúvida obstaculiza seu crescimento regular; assim semeamos tal rebento em outro terreno sem que esqueçamos de sua origem metafísica. Fazer isto não afeta a integridade da metafísica geral; antes, pelo contrário, facilita o curso uniforme desta ciência em seu próprio fim se, em todos os casos onde se requeira da teoria geral dos corpos, se possa construir o mencionado sistema separado de dita teoria sem insuflar o sistema superior da metafísica com esta teoria geral dos corpos. É, com efeito, muito curioso (o que não podemos expor detalhadamente) que a metafísica geral, em todos os casos em que requer exemplos (representações) para conceder um significado aos conceitos puros do entendimento, tenha que tomá-los sempre da teoria geral dos corpos, portanto, da forma e dos princípios da intuição externa; e quando estes exemplos não se encontram acabados, ela ainda tenta, instável e vacilante entre uma pilha de conceitos desprovidos de sentido. Daqui a origem de controvérsias muito conhecidas ou, ao menos, a obscuridade nas perguntas concernentes à possibilidade de um antagonismo de realidades, a possibilidade das magnitudes intensivas etc., perguntas a respeito das quais o entendimento é instruído somente através de exemplos extraídos da natureza corpórea. Estas são, precisamente, unicamente as condições sob as quais os conceitos do entendimento podem obter realidade objetiva, digo, significado e verdade[24]. E assim como uma metafísica particular da natureza corpórea dá à metafísica geral serviços excelentes e indispensáveis ao provê-la de exemplos (de casos in concreto) com a fim de que esta realize os conceitos e proposições (a saber, os da filosofia transcendental), i.e., para dar sentido e significado a uma simples forma do pensamento.
Neste tratado foi seguido, com todo o rigor que pude (posto que foi requerido mais tempo do que podia dispor para ele), o método matemático. Não o fiz com o fim de obter melhor recepção da obra, ostentando profundidade, senão porque penso que o dito sistema é bem capaz de um tratamento matemático e que com o tempo uma mão mais hábil decerto poderá aperfeiçoá-lo quando, estimulados por este projeto, os investigadores matemáticos da natureza não acharem trivial tratar da parte metafísica – da qual eles não podem escusar-se – como componente fundamental da física geral – e a vincularem à teoria matemática do movimento.
Newton diz no prefácio de seu Princípios matemáticos da ciência da natureza (após haver anotado que a geometria requer apenas dois procedimentos mecânicos postulados, a saber, as descrições de uma linha reta e um círculo): E a geometria pode orgulhar-se de que, recebendo tão poucos princípios doutros campos, possa fazer tanto[25]. Da metafísica poder-se-ia dizer o contrário: ela se encontra desconcertada de poder fazer tão pouco com tantos materiais que lhe oferece a matemática pura. Este pouco é, sem dúvida, algo que a matemática mesma necessita indispensavelmente para sua aplicação à ciência da natureza; e como a matemática têm de fazer necessariamente préstimos à metafísica, não deve envergonhar-se de ser vista em sua companhia.
[NOTA]
Encontro na resenha de Instituições Lógicas e Metafísicas [Institutiones Logicae et Metaph.] do senhor Prof. Ulrich Zweifel (publicada na Gazeta Literária Geral, número 295), dúvidas não contra a tábua dos conceitos puros do entendimento, mas contra as conclusões extraídas dali acerca da determinação dos limites de toda a faculdade da razão pura e, por conseguinte, de toda a metafísica. Nessas dúvidas, a penetrante crítica da resenha se declara de acordo com seu não menos profundo autor. Posto que estas dúvidas devem tocar o fundamento do sistema que estabeleci na Crítica da Razão Pura, elas poderiam ser razões para repensar meu sistema – no que concerne a seu fim principal – se não estivessem tão longe da convicção apodítica necessária para ser admitida sem restrições. Este fundamento capital é, segundo se diz, a dedução dos conceitos puros do entendimento expostos em parte na Crítica da Razão Pura e em parte no Prolegômenos a toda Metafísica Futura; se diz que essa dedução é sobretudo obscura na Crítica quando deveria ser precisamente a mais clara, o que a tornaria por si mesma um círculo vicioso etc. Minha resposta a tais objeções é dirigida somente ao ponto nevrálgico, a saber, que, sem uma dedução totalmente clara e adequada das categorias, o sistema da Crítica da Razão Pura fraquejaria em sua base. Eu sustento, pelo contrário, que para aqueles que subscrevem (como o faz o crítico) minhas proposições acerca da sensibilidade de toda nossa intuição da suficiência da tábua das categorias como determinações de nossa consciência derivadas das funções lógicas dos juízos em geral, que o sistema da Crítica tem de carregar consigo certeza apodítica porquanto está construído sobre esta proposição: todo uso especulativo de nossa razão não se estende jamais para além dos objetos de uma experiência possível. Porque caso se possa provar que as categorias da razão devem possibilitar todo o conhecimento e não podem ter outro uso para além de sua simples relação com os objetos da experiência (posto que é apenas deste modo que elas possibilitam a forma do pensamento), então a resposta à pergunta como elas possibilitam a dita forma do pensamento é seguramente muito importante para completar corretamente a dedução; mas referente ao propósito capital do sistema, a saber, a determinação dos limites da razão pura, a resposta ao como não é de nenhuma maneira necessária, mas apenas meritória. Dada a intenção, a dedução é conduzida suficientemente bem quando mostra que as categorias não são outra coisa que as simples formas dos juízos aplicados a intuições (que para nós são sempre sensíveis) e, que por tal aplicação, nossas intuições adquirem, primeiro, objetos e, depois, conhecimentos. Isto é suficiente para estabelecer todo o sistema da Crítica com completa apoditicidade. Assim, o sistema da gravitação universal de Newton se mantém firme, ignorando a dificuldade de não poder explicar como é possível a ação à distância. As dificuldades, entretanto, não são dúvidas.
Quero mostrar agora, a partir do que se concede, que esse fundamento capital conserva sua solidez ainda que sem a dedução completa das categorias:
- Concedido: a tábua das categorias contém integralmente todos os conceitos puros do entendimento e, assim, todas as ações formais do entendimento em juízos dos quais são derivados os ditos conceitos puros que não diferem em nada, exceto em que, mediante o devido conceito do entendimento, se pensa um objeto como determinado a respeito de uma ou outra função dos juízos ( por exemplo, no juízo categórico “a pedra é dura”, “pedra” se emprega como sujeito e “dura” como predicado, de tal modo que se permita ao entendimento inverter a função lógica destes conceitos e dizer: “algo duro é uma pedra”. Pelo contrário, quando represento isso para mim no objeto enquanto determinado em toda determinação possível de um objeto e não como simples conceito, tenho que pensá-lo somente como sujeito e a dureza apenas como predicado; as mesmas funções lógicas são agora conceitos puros do entendimento dos objetos, a saber, substancia e acidente).
- Concedido: por sua natureza o entendimento dispõe de princípios sintéticos a priori por meio dos quais subsume todos os objetos que possam ser dados a tais categorias. Consequentemente, devem haver também intuições a priori que contenham as condições necessárias para a aplicação dos conceitos puros do entendimento, posto que sem intuição não há nenhum objeto com respeito ao qual a função lógica poderia ser determinada como categoria e, por conseguinte, tampouco teria lugar algum conhecimento de objetos quaisquer. Portanto, sem intuição pura não há princípio algum que determine a priori a função lógica para o dito conhecimento.
- Concedido: estas intuições puras não podem ser outra coisa que simples formas dos fenômenos do sentido externo (espaço e tempo) e, consequentemente, podem ser somente formas dos objetos da experiência possível.
Segue-se, então, que todo uso da razão pura somente pode ser dirigido a objetos da experiência; e como nada empírico pode ser condição dos princípios a priori, estes não podem ser mais do que princípios da possibilidade da experiência em geral. Este é, então, o único fundamento verdadeiro e adequado da determinação dos limites da razão pura, mas não a solução do problema de como a experiência é possível por meio destas categorias e somente por elas. Ainda que sem sua última parte a estrutura permaneça firme e este problema tem, sem dúvida, grande importância, como pudemos ver, é igualmente fácil de sanar, já que pode ser resolvido pouco a pouco por meio de uma única conclusão a partir da definição precisamente determinada de um juízo em geral (digo, de uma ação pela qual representações dadas produzem um conhecimento a partir do objeto). A obscuridade que reina nesta parte da dedução concerne ao meu tratamento precedente e não o nego: deve atribuir-se ao destino corrente do entendimento em sua investigação e normalmente o caminho mais curto não costuma ser aquele que encontramos primeiro. Por isso, aproveitarei a primeira ocasião (Crítica da Razão Pura, 1787) para superar a dita lacuna (que só concerne ao modo de exposição e de maneira alguma ao fundamento da explicação, que têm sido dada corretamente nas discussões indicadas) sem que o engenhoso crítico seja posto – sem dúvida para ele – na desagradável necessidade de refugiar-se em uma harmonia preestabelecida, a causa da estranha concordância entre os fenômenos e o entendimento ainda que estes possuam fontes totalmente diferentes. Este seria um meio de salvação muito pior do que o mal que procura curar e contra o qual não possui realmente recurso algum, pois a dita harmonia preestabelecida não pode descobrir a necessidade objetiva que caracteriza os conceitos puros do entendimento (e a dos princípios de sua aplicação aos fenômenos). Por exemplo, no conceito de causa e sua conexão com o efeito o todo permanece neste caso em um agrupamento simplesmente subjetivo-necessário. Isto que Hume queria dizer quando a chamava de simples ilusão por hábito.
Assim, nenhum sistema no mundo pode derivar esta necessidade objetiva a não ser de princípios a priori que forneçam o fundamento da possibilidade do pensamento mesmo e graças unicamente aos quais deve ser possível o conhecimento dos objetos, cujo fenômeno nos é dado na experiência. E, a propósito do modo como estes princípios tornam a experiência possível, nunca poderemos explicá-lo adequadamente; entretanto, permanece inquestionavelmente certo que a experiência é possível apenas por meio desses conceitos e, inversamente, que eles não são capazes de nenhuma significação ou nenhum uso para além de sua referência aos objetos da experiência.
Edições utilizadas para a tradução:
- Principios Metafísicos de la Ciencia de la Naturaleza. Tradução de Carlos Másmela. 1º Edição, Madrid, Alianza Editorial, 1989.
- Metaphysische Anfangsgründe der Naturwissenschaft. 1º Edição, Leipzig, Verlag von C.E.M. Pfeffer, 1900.
- Kant´s Gesammelte Schriften Band IV. 1º Edição, Berlin, Druck und Verlag Georg Reimer, 1911.
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Bônus: Recomendações de leitura ao interessado em Immanuel Kant
Comentário: Kant nunca foi um filósofo bem compreendido e, até onde se sabe, continuará assim para sempre. Sua filosofia possui muitos pressupostos que poucos estão dispostos a cumprir e, assim, desde a primeira edição da Crítica da Razão Pura, é possível encontramos um espantalho por esquina. Boa parte desses problemas de interpretação advém de problemas simples; listemos alguns deles: a) leitura não da Crítica da Razão Pura inteira mas apenas de sua primeira metade b) redução do pensamento kantiano apenas à primeira crítica c) tentativas de entendimento do autor apenas segundo comentários d) desconsideração do sistema das 3 críticas e de suas obras adjacentes, sendo uma delas a da presente tradução, o Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza, em que Kant fala do aspecto metafísico que condiciona os objetos no espaço e no tempo empíricos, abordagem diversa da encontrada na primeira parte da CRP onde se fala do espaço e do tempo como formas puras. Forneço aqui uma pequena bibliografia que, espero, ajude o interessado em Kant a percorrer seu caminho.
- Will Dudley & Kristina Engelhard – Immanuel Kant: Conceitos fundamentais
- Immanuel Kant – Manual dos Cursos de Lógica Geral
- Paul Guyer (Org.) – Kant
Comentário: Recomenda-se a leitura do Manual dos Cursos de Lógica Geral como primeira obra do autor por este conter extensas e valiosíssimas explicações acerca da teoria do juízo de Kant que é praticamente o estopim para a principal pergunta da Crítica da Razão Pura: como são possíveis os juízos sintéticos puros a priori? Recomenda-se ainda a leitura da Introdução e do capítulo 1 do Cambridge Companion do Kant para que o leitos esteja ciente do percurso intelectual do autor, suas leituras pressupostas e dos problemas que ele deseja resolver. Caso interesse, é possível ler ainda os Escritos Pré-Críticos a título de curiosidade.
- Immanuel Kant – Crítica da Razão Pura
- Immanuel Kant – Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza
- Immanuel Kant – Fundamentação da Metafísica dos Costumes
- Immanuel Kant – Crítica da Razão Prática
- Immanuel Kant – Crítica da Faculdade do Juízo
Comentário: Após a leitura do “grande monólito” das três críticas e “seus dois filhotes”, a saber, os dois pequenos livros sobre os princípios da natureza e os princípios dos costumes, o estudante já tem uma boa idéia de como funciona o sistema kantiano. Organizei-os desta forma pois o Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza “completa” exposições da Crítica da Razão Pura e a Fundamentação da Metafísica dos Costumes “prepara” o caminho para a Crítica da Razão Prática; em verdade seria convenientíssimo se houvesse uma edição que contivesse os dois livros. A partir daqui o estudante não precisa mais de ajuda para ler Kant – na verdade o correto seria que o estudante já fosse capaz de pesquisar sozinho muito antes de chegar nele – então tudo o que resta é recomendar meu comentador favorito, a saber, Ottfried Hoffe.
Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem de sua minoridade, pela qual ele próprio é responsável. A minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir essa minoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de outro. Sapere aude! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é portanto a divisa do Esclarecimento.
Immanuel Kant – Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? (tradução de Luis Paulo Rouanet)
Notas:
[1] A essência é o primeiro princípio interno de tudo aquilo que pertence à possibilidade de uma coisa. Portanto, às figuras geométricas (posto que em seu conceito não se pensa nada que expresse uma existência) só podemos atribuir uma essência [Wesen], mas não uma natureza [Natur]. [NA]
[2] Körperlehre e Seelenlehre. A divisão se dá perante as duas formas puras da sensibilidade, a saber, o espaço e o tempo. A primeira, referente ao sentido externo, se dá segundo as leis do espaço; a segunda, referente ao sentido interno, se dá segundo as leis do tempo. [NT]
[3] Tal definição de ciência aparece também na Crítica da Razão Pura, parágrafos A645 ou B673: “[…] a da forma de um todo do conhecimento que precede o conhecimento determinado das partes e contém as condições para determinar a priori o lugar de cada parte e sua relação com as outras. Esta ideia postula, por conseguinte, uma unidade perfeita do conhecimento do entendimento, mercê da qual este não é apenas um agregado acidental, mas um sistema encadeado segundo leis necessárias”. Também será usado por Schopenhauer no capítulo §4 do Vierfach Wutzel der Zats uber zurechern Grund. [NT]
[4] Naturwissenschaft. [NT]
[5] Naturbeschreibung. [NT]
[6] Angewandte Vernunfterkenntniss [NT]
[7] Tal raciocínio é ampliado no capítulo “A disciplina da razão pura no uso dogmático”, em Crítica da Razão Pura A713 ou B741. [NT]
[8] Ou, a existência não pode ser um predicado. Observemos que o termo “existência”, traduzido aqui de Das Dasein, indica uma existência determinada, i.e., de um objeto singular. Assim, não podemos deduzir a existência de singulares concretos a partir de conceitos – que são eminentemente universais. [NT]
[9] Naturdinge. [NT]
[10] Als Existirend. [NT]
[11] Atualmente tornou-se possível a realização do que, à época de Kant, parecia impossível, com o desenvolvimento da química teórica proporcionado pela química matemática, pelo surgimento da química computacional, e, além disso, da química quântica. A química teórica faz uso de métodos matemáticos combinados a leis fundamentais da física para estudar processos quimicamente relevantes. A química computacional utiliza tanto informações teóricas obtidas pela química matemática quanto informações obtidas experimentalmente, chamadas empíricas; há programas de computador que podem construir um modelo molecular (e.g., um metano) com base em informações pré-inseridas no que é chamado “campo de força” (forcefield), o qual tipifica (type) cada átomo; sem essas informações não haveria diferença entre uma bolinha feita no Paint e uma bolinha no programa de modelagem molecular, visto que é a partir dessas informações que o computador entende a diferença entre o carbono, o nitrogênio e o oxigênio, quantas ligações cada um pode fazer, e como são suas posições no espaço em relação ao outros átomos nas proximidades, de modo que cada átomo deve manter uma distância apropriada em relação ao que estão próximos devido a suas forças de repulsão correspondentes. Os movimentos moleculares podem ser calculados por uma variedade de maneiras — a depender da profundidade que se deseje atingir no estudo — iniciando-se, pelo mais simples, a partir de mecânica clássica (mecânica molecular), puramente teórica (considerando-se os possíveis movimentos a partir ângulos de torção, flexão e extensão permitidos a um átomo em uma dada posição dentro da molécula); em seguida, com a adição de dados empíricos (aqui temos os chamados métodos semiempíricos), onde, junto às informação da mecânica molecular adicionam-se nos cálculos informações obtidas experimentalmente sobre um determinado átomo; e, por fim, entra-se na mecânica quântica, onde a molécula é estudada a nível eletrônico, ou seja, de acordo com a movimentação dos elétrons num dado orbital molecular, o que leva a uma posição do átomo de acordo com o movimento de sua nuvem eletrônica, via equação de Schrödinger (ou Born-Oppenheimer, versão simplificada da eq. de Schrödinger), ao menos para os átomos mais leves. Em caso de átomos mais pesados isso pode ser realizado pela equação de Dirac ou pela combinação de outros modelos matemáticos da física quântica. Em qualquer um dos casos é necessário que os modelos matemáticos utilizados possam explicar o movimento eletrônico de uma dada molécula e a distribuição de cargas parciais em cada átomo etc. [Nota por Ramon Cogo]
[12] Tal lei é exposta por Kant pela primeira vez na Dissertação sobre o Mundo Sensível: “A lei metafísica da continuidade é esta: todas as mudanças são contínuas ou fluem; isto é, estados opostos não se sucedem uns aos outros senão por uma série intermediária de estados diversos. Pois, porque dois estados opostos estão em momentos diversos do tempo, mas entre dois momentos há sempre algum tempo intercalado em cuja série infinita de momentos a substância não está nem em um dos estados dados, nem em outro, nem mesmo em nenhum, então ela estará em diversos e assim por diante ao infinito.” De mundi sensibilis atque intelligibilis forma et principiis II 400 in Escritos Pré-Críticos. [NT]
[13] Se explicarmos segundo o jargão escolástico, há apenas uma divisão de razão, mas não uma separação real. [NT]
[14] Eine Naturbeschreibung der Seele, aber nicht Seelenwissenschaft [NT]
[15] Metaphysik der körperlichen Natur ist. [NT]
[16] Objectiven Realität.
[17] Aqui podemos observar que a Metafísica como entendida por Kant não se trata da mesma cultivada, por exemplo, por Aristóteles ou Duns Scotus, mas de uma construção de cunho racionalista, a saber, pós-cartesiana. [NT]
[18] Empirischer vorstellungen
[19] Absolute Vollständigkeit der Wissenschaften. [NT]
[20] Tendo como fim o conforto do leitor, a enorme nota foi posta no fim do prefácio. [NT]
[21] Quantidade, Qualidade, Relação e Modalidade, vistos em Crítica da Razão Pura A80 ou B106.
[22] Entweder reine oder angewandte Bewegungslehre. [NT]
[23] Hoje chamamos tal disciplina de Cinemática. [NT]
[24] Bedeutung und Wahrheit. [NT]
[25] Gloriatur geometria, quid tam paucis principiis aliunde petites tam multa praestet Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, Prefácio [NA]
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