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Esboço de um guia de leitura para as obras de Aristóteles

Por Helkein Filosofia
•
aristóteles- guia de leitura
•
11 outubro 2022
  1. Introdução

 

Apresento, aqui, uma tentativa de guia de leitura para Aristóteles. Ele é baseado na leitura livro a livro e nas opiniões de diversos comentadores, alguns deles mencionados freqüentemente, como Enrico Berti. Ressalto, porém, que não sou um especialista em Aristóteles — no máximo, um entusiasta ou apreciador dor corpus aristotelicum. Portanto, minha opinião não deve ser tomada como um decreto absoluto, mesmo sendo algo fundamentado, como explicado logo abaixo, onde justifico a opção de não seguir a ordem da listagem de Bekker.

 

Gostaria ainda de relembrar que Aristóteles foi aluno de Platão; nisto, procura discutir e avançar as teses de seu professor – e, quando não, o leva muito a sério no momento de expor seu material original. Sendo assim, é extremamente inteligente ler Platão primeiro.

 

  1. Razões

 

Ética a Nicômaco e Ética a Eudemo são motivo de polêmica; ambos os livros compartilham muito de seu conteúdo e, então, discute-se qual é o mais antigo ou serviu de rascunho para o outro. Entretanto, o fato é ambos terem chegado a nós. A Ética a Nicômaco é, de longe, mais lida e citada, razão pela qual soa natural tê-la como prioridade; contudo, qualquer estudioso atento de Aristóteles lerá ambas. Assim, opto, em nome da completude, por incluir ambas neste guia. No Órganon, Aristóteles observa que muitos erros filosóficos — como a negação do princípio de identidade — decorrem, em grande parte, de certa falta de educação; nisto, por ser a obra mais acessível do corpus aristotelicum e conter uma série de temas fundamentais à (lendária) aquisição de virtudes, a Ética a Nicômaco desponta como excelente porta de entrada ao pensamento aristotélico. Talvez o leitor estranhe encontrar A Política logo após a Ética a Nicômaco. No entanto, os temas da Ética e da Política estão profundamente interligados em Aristóteles, por terem sido concebidos, junto do hoje perdido Constituições, como uma trilogia. De todo modo, A Política pode causar mais desalento que entusiasmo em leitores ainda iniciantes, pois revela, logo de início, que este tema é insalubre para leigos:

 

Dito isso, a Política não é constituída por textos isolados na obra conservada de Aristóteles. Eles são, pelo contrário, a expressão parcial de uma filosofia que procura primeiramente, nas Éticas, mostrar racionalmente que gênero de Atividade responde de modo satisfatório às preocupações imanentes a todas as “coisas humanas”.

 

Richard Bodeüs — Aristóteles, a Justiça e a Cidade p.12–13

 

Portanto, listo, no lugar do perdido Constituições, sua parte sobrevivente, a Constituição de Atenas. Este livro não é essencial ao interessado mediano (estudante de filosofia e curioso em geral) em Aristóteles, mas decerto é para o desejoso de uma especialização. O Tratado de Economia (ou Econômicos), por sua vez, costuma ser tratado como apócrifo; o listo apenas como curiosidade e devido à sua citação em tratados medievais. Nisto, encerramos a série aristotélica de “temas sociais”.

 

Quanto às retóricas, devemos considerar quase o mesmo caso das éticas; no entanto, aqui se discute se a Retórica a Alexandre é ou não apócrifa, sendo sua presença por aqui apenas para fins de completude do guia. A Retórica é ordenada após a Ética (e suas sucessoras) em respeito à ordem disciplinar expressa pelo mesmo Aristóteles, visto que mais da metade deste livro fala de ética antes de expor a arte do retor. O filósofo pregava que a boa retórica era própria dos experientes neste ou naquele tema; sendo assim, obedecemos ao “dono” do guia e submetemos a técnica ao homem; pessoa alguma exporá bem um tema sem conhecê-lo e nem fará o bem, expondo a verdade, sem ser virtuoso. Caso haja reclamações, recomendo atentar à “fenomenologia”, feita pelo próprio Aristóteles, de alguns “reclamantes”:

 

Quanto ao caráter dos jovens, cumpre dizer que são inclinados aos desejos intensos e capazes de satisfazê-los indiscriminadamente. No tocante aos desejos físicos, tendem mais para os desejos sexuais, não sabendo como dominá-los. São volúveis e não tardam a se aborrecer com o que desejaram; quanto mais violentos são seus desejos, menos duram; seus impulsos são entusiásticos, mas sem raízes e efêmeros, como os acessos de fome e sede dos enfermos. São coléricos e destemperados, geralmente cedendo aos seus ímpetos. São subjugados por seu ardor. Devido ao seu amor pelas honras, não são vítimas do desdém e indignam-se se julgam ser objeto de uma injustiça. Amam as honras, mas ainda mais a vitória, pois a juventude é ávida de superioridade, e a vitória constitui um tipo de superioridade. Honras e vitória os tentam mais do que o dinheiro, qual têm em pouquíssima conta, não tendo apreendido ai e significa a sua falta, como testemunha que Pítaco dirige a Anfiarau. Veem mais o lado bom das coisas do que o mau, já que não testemunharam ainda muitos exemplos de maldade. Também são crédulos porque não foram ainda muito enganados. Estão saturados de ditosas esperanças; assemelham-se aos indivíduos tomados pelo vinho, como eles mantêm o sangue aquecido, mas isso por determinação da natureza e porque não experimentaram ainda muitos reveses. Vivem de esperança a maior parte do tempo, e não de lembranças, já que a esperança diz respeito ao futuro, ao passo que as lembranças concernem ao passado, sendo que para a juventude há um longo futuro diante de si e pouco passado. Nos primórdios de nossa vida nada temos para recordar, ao passo que tudo podemos esperar. Os jovens são fáceis de ser ludibriados pela razão que mencionamos relativa às suas amplas expectativas […] amam com excesso, odeiam com excesso e sua postura em todas as situações é excessiva. Julgam-se oniscientes e sustentam muito convictamente suas opiniões, o que representa ainda uma das razões de seus excessos em tudo.

Aristóteles — Retórica 1389a1

 

O leitor deve notar que, mesmo com o Órganon na listagem, optei por incluir separadamente, ainda, o Categorias e o Interpretação, dois de seus componentes. Isto se dá pelas edições bilíngües destes dois conterem o triplo do tamanho original devido às introduções e comentários utilíssimos. Nisto, ficam recomendadas como complemento. A Física aparece antes da Metafísica – e ambas depois do Órganon – por motivos lógicos referentes à compreensão de metafísica como superação, na ordem do conhecer, da física. Relembrando Schopenhauer, devemos considerar o surgimento da metafísica através do esgotamento das possibilidades da física, i.e, o transcendente aparece quando o imanente chega no limite de suas explicações e não pode, afinal, explicar a si mesmo; assim emerge a pergunta radical: qual a causa de tudo isto? E então vamos “para além da física” e investigamos sua estrutura de possibilidade. Este é o processo de superação, prefigurado na metafísica platônica, que leva Aristóteles a compor a sua própria. Há uma boa discussão sobre isto na primeira Disputa Metafísica de Suárez traduzida e disponibilizada por aqui.

 

Quanto aos tratados menores, Do Céu, Parva Naturalia e Da Geração e Corrupção, o leitor comum da Física pode conferir os dois primeiros como curiosidade, mas o desejoso de uma especialização precisa ler tudo; o terceiro deles é indispensável para a compreensão do funcionamento das causas e da corrupção da substância e da permanência da essência. De qualquer forma, Aristóteles é sempre bom: por exemplo, no Do Céu temos a prova aristotélica de “rotundidade” da Terra, algo muito interessante num tempo em que é moda acusar autores antigos de “terraplanismo”. O De Anima foi posto antes da Metafísica e depois da Física por estar no meio do caminho, digo, metade do livro é praticamente um tratado de biologia e a outra belisca a metafísica — sendo que, entre essas duas metades, temos outra de psicologia.

 

  1. Edições

 

Listo abaixo as edições que li e, para além das lidas [de capa a capa], também as consultadas. Para a Metafísica, costumo consultar uma edição muito querida, aquela traduzida e comentada por Giovanni Reale em 3 volumes; para quem quiser adquirir essa edição em vez da listada, não há problema algum. Costumo consultar ainda o Comentário à Metafísica de Aristóteles (3 volumes) por Sto. Tomás de Aquino, pois contém tanto o comentário quanto o texto aristotélico baseado na versão de Guilherme de Moerbeke. Há ainda duas edições, da editora Madamu, da Ética e da Política, ambas ótimas.

 

Dadas as razões, eis o guia.

  • Ética a Nicômaco
  • Ética a Eudemo [opcional]
  • Política
  • Constituição de Atenas [opcional]
  • Tratado de Economia Doméstica [opcional]
  • Poética
  • Retórica
  • Retórica a Alexandre[opcional]
  • Categorias
  • Da Interpretação
  • Órganon
  • Da Geração e Corrupção
  • Física
  • Do Céu [opcional]
  • Parva Naturalia [opcional]
  • De Anima
  • Metafísica

 

Comentários de Aristóteles

  • Enrico Berti – As razões de Aristóteles
  • Enrico Berti – Estrutura e Significado da Metafísica de Aristóteles
  • Enrico Berti – Perfil de Aristóteles
  • Enrico Berti – Aristóteles: Pensamento dinâmico
  • Enrico Berti – Novos Estudos Aristotélicos vol. I
  • Enrico Berti – Novos Estudos Aristotélicos vol.II
  • Enrico Berti – Novos Estudos Aristotélicos vol.III
  • Giovanni Reale – Introdução a Aristóteles
  • Giovanni Reale – História da Filosofia Grega e Romana Vol. IV
  • Jonathan Barnes – Aristóteles [companion]
  • Marcelo Perine – Quatro Lições Sobre a Ética de Aristóteles
  • Marco Zingano – Sobre a Ética Nicomaqueia de Aristóteles
  • Maurizio Migliori & Arianna Fermani – Platão e Aristóteles: Dialética e Lógica
  • Philipp Brüllmann – A teoria do bem na “Ética a Nicômaco” de Aristóteles
  • Rémi Brague – O Tempo em Platão e Aristóteles
  • Richard Bodéüs – Aristóteles: A Justiça e a Cidade
  • Thomas Davidson – Aristóteles e os Ideais Antigos da Educação
  • Sto. Tomás de Aquino – Comentário à Física de Aristóteles: Tomo I
  • Sto. Tomás de Aquino – Comentário à Física de Aristóteles: Tomo II
  • Ursula Wolf – A “Ética a Nicômaco” de Aristóteles

 

 

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Esboço de um guia de leitura para as obras de Aristóteles

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